Não existem dúvidas que um cão-guia para cegos ajuda a dar mais qualidade de vida e garantir mais segurança ao portador de deficiência visual.
A última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que 3,4% da população brasileira acima de 2 anos possui deficiência visual.
Praticamente são 7 milhões de pessoas que diariamente enfrentam os mais diversos desafios, em especial no que diz respeito à mobilidade e segurança nas vias públicas, bem como à acessibilidade aos mais diversos locais.
O cão-guia é o amigo fiel, capaz e eficiente para ajudar no enfrentamento desses desafios, dar autonomia e oferecer proteção a essas pessoas.
Mas, afinal, como e quando começou a história do cão-guia que passou a fazer a diferença na rotina e parte da vida de um deficiente visual? Vamos conhecer?
História do cão-guia para cegos
Existem relatos de que no ano de 79 d.C., na época do Império Romano, erupções gigantes do vulcão Vesúvio soterraram a cidade de Pompéia, situada próxima a Nápoles, e que em 1748, em escavações pela região, foi encontrada em uma parede uma figura representando um cão guiando um cego.
Essa seria a primeira referência de um cão-guia.
Oficialmente a história do cão-guia para cegos começou em Paris, em 1780, no hospital Lez Quinze-Vingts, entidade que atendia deficientes visuais.
Nessa época, foram treinados alguns cachorros para auxiliar no cuidado à essas pessoas.
Já em 1788, o austríaco Josef Riesinger, um criador de cães, morador de Viena e deficiente visual, treinou um Spitz para ser o seu guia.
Ele treinou tão bem o animal que as pessoas que viam os dois andando pelas ruas duvidavam que Riesinger era de fato cego.
A primeira escola para treinar cão-guia para cegos surgiu em 1819, também em Viena.
Seu fundador foi Johann Wilhelm Klein, que no mesmo ano escreveu um livro intitulado: Lehrbuch zum Unterrichte der Blinden (Livro Didático para Ensinar Cegos).
No livro ele conta suas experiências com os métodos sistemáticos de treinamento e pela primeira vez é usado oficialmente o conceito cão-guia.
Infelizmente suas ideias não receberam apoio na época e a escola também não foi oficializada.
Em 1847, Jakob Birrer, um cego suíço, fez questão de divulgar a sua experiência em treinar um cão por cinco anos, para ser o seu guia.
Mas, foi só a partir da Primeira Guerra Mundial que a adoção de cães-guias ganhou representatividade.
Qual a relação do cão-guia para cegos com as guerras?
Durante a Primeira Guerra Mundial, muitos soldados perderam a visão em virtude do uso do gás venenoso utilizado nos combates.
Em especial, na cidade de Oldenburg, na Alemanha, o médico Dr. Gerhard Stalling resolveu treinar um grande número de cães para ajudar os soldados que estavam em tratamento pós-guerra.
Certo dia, passeando com um paciente no jardim do hospital, em companhia do cão, o médico precisou deixar o soldado cego por alguns instantes, sozinho com o animal.
Quando retornou, Stalling teve a nítida certeza que, de forma inteligente, o cão protegia cuidadosamente o paciente.
A partir daí o médico começou estudar alternativas para treinar mais cães, para que os animais pudessem ajudar na proteção e na segurança dos soldados que perderam a visão em combate.
Em agosto de 1916, ele fundou oficialmente a primeira escola do mundo para treinar cão-guia para cegos.
Em pouco tempo, a escola abriu filiais nas cidades de Bona, Breslau, Dresden, Essen, Freiburg, Hamburgo, Magdeburgo, Münster e Hannover.
Na época, os estabelecimentos juntos treinavam, em média, 600 cães por ano e com o tempo pessoas cegas residentes no Reino Unido, França, Espanha, Itália, Estados Unidos, Canadá e União Soviética também contavam com cães-guias.
Quando os cães-guia chegaram no Brasil?
Estima-se que o cão-guia para cegos tenha chegado no Brasil por volta de 1950 e infelizmente ainda não é comum vermos pelas ruas das nossas cidades deficientes visuais em companhia de um animal.
Atualmente são apenas 200 cães-guias em atividade no país e segundo um artigo publicado em 2021 no Estadão são mais de 500 pessoas que estão na fila esperando por um.
A mesma fonte informa que o Brasil tem apenas três instrutores capacitados e conhecedores dos padrões internacionais para realizar o treinamento.
Por outro lado, temos o maior centro de treinamento para cães-guias da América Latina, o Instituto Magnus, que não mede esforços para educar e doar os animais à população que necessita.
Agora que você conheceu a história do cão-guia para cães, que tal continuar a leitura e conferir 5 curiosidades sobre eles?